Aikido Porto | Site oficial do Shoshin Dojo, Escola de Aikido Aikikai 合気道初心道場

  • Quem somos
  • Professores
  • Disciplinas
  • Contactos
  • Log in
  • Quem somos
  • Professores
  • Disciplinas
  • Contactos
  • Log in

O papel do atemi na construção de uma técnica

Na construção de uma técnica, o atemi tem diferentes funções que apresentam características comuns:

1. O atemi está estreitamente ligado ao princípio irimi que se caracteriza:
  • no plano mental, pela intenção e pela determinação;
  • no plano técnico, por uma distância real de golpe e um controlo sobre o eixo mediano;
2. No entanto o atémi não é levado a cabo (utilizado). É mais persuasivo que dissuasivo, na medida em que o seu papel é de contribuir a conduzir, orientar e canalisar o parceiro no sentido da técnica, preservando a sua integridade e sem criar a frustração ou o confronto de forças que poderia engendrar a dissuasão;
3. O atemi está fundado sobre o princípio de acção/reacção;
4. Faz parte integrante da técnica e contribui para uma das fases da sua construção. Vem em complemento, nunca é uma acção separada da técnica. 


As diferentes funções do atémi podem ser identificadas a partir das fases de construção: o posicionamento, o desiquilíbrio e o empenho do corpo. Através de alguns exemplos nós propomo-nos a evidenciar algumas destas funções.

A)- O atémi na fase de posicionamento:

1º exemplo : KATATE DORI (posicionamento interior) 
Neste exemplo, o posicionamento apresentado é válido para um conjunto de técnicas. O atémi manifesta o princípio de irimi: determinação e distância de golpe. Esta aplicação do princípio de irimi através do atémi, permite ao Tori de mudar a distância. O Uke reage ao atémi ao afastar-se (princípio da acção/reacção). O atémi tem como função de levar o Uke a uma distância que lhe é mais ou menos favorável e, deste modo, preparar a fase de desequilíbrio. O atémi participa no posicionamento na medida em que permite ao Tori, por um lado, estar centrado e por outro, estar orientado para o parceiro. Estar centrado e direccionado são elementos determinantes na fase do posicionamento.

2º exemplo : YOKOMEN UCHI (entrada directa em gyaku hammi) 
Neste exemplo encontramos os princípios de irimi e de acção/reacção evocados anteriormente. A mão que vai à cara tem como função, desta vez, parar o parceiro numa distância que irá permitir, de seguida, encadear a técnica (gokyo, ikkyo ura, shiho nage ura....). O golpe é controlado à sua nascença, o Uke não tem a possibilidade de desenvolver o seu ataque. Como no exemplo anterior, o atémi contribui para unificar o corpo (centro) e a orientar a acção em direcção ao parceiro.

3º exemplo : KATA DORI MEN UCHI ou USHIRO ERI DORI 
Nas duas situações o posicionamento é válido para um conjunto de técnicas. No posicionamento, o Tori usa o atémi para obrigar o Uke a tomar um contacto. A partir do contacto o Tori executa a técnica. Aqui novamente os princípios de irimi e de acção/reacção encontram-se perfeitamente ilustrados.

B)- O atémi na fase de desequilíbrio: 

4º exemplo : YOKOMEN UCHI (entrada interior) 
Em algumas circunstâncias, o atémi é determinante para o posicionamento e para o desequilíbrio simultaneamente, quando estas fases,  mais ou menos se sobrepõem. É o caso, por exemplo, sobre katate dori; é ainda mais o caso sobre yokomen uchi (entrada interior). Como nos exemplos anteriores, o atémi participa na base do posicionamento. Pela pressão que exerce sobre o Uke, também se encontra na origem do desequilíbrio que o Tori deverá explorar para executar técnicas diferentes (shiho nage, kote gaeshi, irimi nage...)

5º exemplo : KATATE DORIUCHI KAITEN NAGE, SUMI OTOSHI...
Nestas situações trata-se de "posicionar o parceiro onde não estamos", de desviar a sua atenção para executar a técnica. O atemi permite criar um desequilíbrio para cima, seja para passar sob o braço e realizar técnicas em uchi kaiten, seja para que o corpo se comprometa para baixo, como em sumi otoshi. O equilíbrio entre as duas mãos, uma para baixo (a da prisão) e a outra para cima (a do atémi), mantêm o parceiro em extensão e imobilizam-no.

6º exemplo : KAITEN NAGE
Os exemplos anteriores mostraram que o atemi pode ter funções preparatórias ou de criar um desequilíbrio. No kaiten nage, o atémi à nuca tem como função explorar o desequilíbrio ao fixar o parceiro. Obviamente que o atémi não é levado a cabo, mas pelo seu Shisei, o Tori exerce uma pressão suficientemente forte para que o Uke nao tenha a possibilidade de se levantar.

C)- O atémi na fase final

7º exemplo : SANKYO OMOTE 
Na execução de algumas técnicas, a passagem do desequilíbrio à fase final pode oferecer uma possibilidade ao Uke. No exemplo do sankyo omote, o atémi permite ao Tori voltar a passar em frente ao Uke para o levar ao chão, mantendo o controlo e protegendo-se ao mesmo tempo. De um modo geral, o atémi pode permitir a canalização do comportamento do Uke durante a execução de uma técnica.

8º exemplo : SHOMEN UCHI KOKYU NAGE
O atémi pode contribuir à projecção exercida sobre o parceiro (sentido de corte na utilização do corpo). A distância de golpe confere ao Tori um melhor posicionamento para projectar. Sobre esta técnica o Uke não cai unicamente por causa do atémi; o golpe vem completar o desequilíbrio provocado pela extensão exercida a nível do cotovelo do parceiro.

9º exemplo : CHUDAN TSUKI IRIMI NAGE (entrada directa)
Neste último exemplo, as três fases de construção confundem-se. No posicionamento de Tori, que se caracterisa por uma entrada directa, a mão à altura da cara, provoca a mobilidade (ou o desequilíbrio) do Uke. A execução de uma queda em "folha seca" permite ao Uke esquivar o atémi. Em função das capacidades de queda do parceiro, o Tori irá apoiar mais ou menos o seu atémi de maneira a não o magoar. Para além do atémi, o que é essencial é o posicionamento do Tori, que deve manifestar intenção, determinação e compromisso. Mesmo se na maior parte das vezes no Aikido não batemos, potencialmente o atémi está sempre presente e pode intervir a todo momento. É a partir desta ameaça omnipresente que o Uke vai extrair as informações que lhe permitirão movimentar-se, de se manter ofensivo, de se preservar ou de cair.

Bernard PALMIER (tradução: Rémi Kesteman)
Contactos
Av. Comendador Ferreira de Matos 443 | 4450-124 Matosinhos
+351 916 967 934
mail@shoshin-dojo.com
​
Facebook

Apoios:
Imagem
Imagem
Imagem
ADM
Imagem
Copyright © 2010 - 2021 Shoshin Dojo. Todos os direitos reservados. Política de privacidade