O papel do atemi na construção de uma técnica
Na construção de uma técnica, o atemi tem diferentes funções que apresentam características comuns:
1. O atemi está estreitamente ligado ao princípio irimi que se caracteriza:
3. O atemi está fundado sobre o princípio de acção/reacção;
4. Faz parte integrante da técnica e contribui para uma das fases da sua construção. Vem em complemento, nunca é uma acção separada da técnica.
As diferentes funções do atémi podem ser identificadas a partir das fases de construção: o posicionamento, o desiquilíbrio e o empenho do corpo. Através de alguns exemplos nós propomo-nos a evidenciar algumas destas funções.
A)- O atémi na fase de posicionamento:
1º exemplo : KATATE DORI (posicionamento interior)
Neste exemplo, o posicionamento apresentado é válido para um conjunto de técnicas. O atémi manifesta o princípio de irimi: determinação e distância de golpe. Esta aplicação do princípio de irimi através do atémi, permite ao Tori de mudar a distância. O Uke reage ao atémi ao afastar-se (princípio da acção/reacção). O atémi tem como função de levar o Uke a uma distância que lhe é mais ou menos favorável e, deste modo, preparar a fase de desequilíbrio. O atémi participa no posicionamento na medida em que permite ao Tori, por um lado, estar centrado e por outro, estar orientado para o parceiro. Estar centrado e direccionado são elementos determinantes na fase do posicionamento.
2º exemplo : YOKOMEN UCHI (entrada directa em gyaku hammi)
Neste exemplo encontramos os princípios de irimi e de acção/reacção evocados anteriormente. A mão que vai à cara tem como função, desta vez, parar o parceiro numa distância que irá permitir, de seguida, encadear a técnica (gokyo, ikkyo ura, shiho nage ura....). O golpe é controlado à sua nascença, o Uke não tem a possibilidade de desenvolver o seu ataque. Como no exemplo anterior, o atémi contribui para unificar o corpo (centro) e a orientar a acção em direcção ao parceiro.
3º exemplo : KATA DORI MEN UCHI ou USHIRO ERI DORI
Nas duas situações o posicionamento é válido para um conjunto de técnicas. No posicionamento, o Tori usa o atémi para obrigar o Uke a tomar um contacto. A partir do contacto o Tori executa a técnica. Aqui novamente os princípios de irimi e de acção/reacção encontram-se perfeitamente ilustrados.
B)- O atémi na fase de desequilíbrio:
4º exemplo : YOKOMEN UCHI (entrada interior)
Em algumas circunstâncias, o atémi é determinante para o posicionamento e para o desequilíbrio simultaneamente, quando estas fases, mais ou menos se sobrepõem. É o caso, por exemplo, sobre katate dori; é ainda mais o caso sobre yokomen uchi (entrada interior). Como nos exemplos anteriores, o atémi participa na base do posicionamento. Pela pressão que exerce sobre o Uke, também se encontra na origem do desequilíbrio que o Tori deverá explorar para executar técnicas diferentes (shiho nage, kote gaeshi, irimi nage...)
5º exemplo : KATATE DORIUCHI KAITEN NAGE, SUMI OTOSHI...
Nestas situações trata-se de "posicionar o parceiro onde não estamos", de desviar a sua atenção para executar a técnica. O atemi permite criar um desequilíbrio para cima, seja para passar sob o braço e realizar técnicas em uchi kaiten, seja para que o corpo se comprometa para baixo, como em sumi otoshi. O equilíbrio entre as duas mãos, uma para baixo (a da prisão) e a outra para cima (a do atémi), mantêm o parceiro em extensão e imobilizam-no.
6º exemplo : KAITEN NAGE
Os exemplos anteriores mostraram que o atemi pode ter funções preparatórias ou de criar um desequilíbrio. No kaiten nage, o atémi à nuca tem como função explorar o desequilíbrio ao fixar o parceiro. Obviamente que o atémi não é levado a cabo, mas pelo seu Shisei, o Tori exerce uma pressão suficientemente forte para que o Uke nao tenha a possibilidade de se levantar.
C)- O atémi na fase final
7º exemplo : SANKYO OMOTE
Na execução de algumas técnicas, a passagem do desequilíbrio à fase final pode oferecer uma possibilidade ao Uke. No exemplo do sankyo omote, o atémi permite ao Tori voltar a passar em frente ao Uke para o levar ao chão, mantendo o controlo e protegendo-se ao mesmo tempo. De um modo geral, o atémi pode permitir a canalização do comportamento do Uke durante a execução de uma técnica.
8º exemplo : SHOMEN UCHI KOKYU NAGE
O atémi pode contribuir à projecção exercida sobre o parceiro (sentido de corte na utilização do corpo). A distância de golpe confere ao Tori um melhor posicionamento para projectar. Sobre esta técnica o Uke não cai unicamente por causa do atémi; o golpe vem completar o desequilíbrio provocado pela extensão exercida a nível do cotovelo do parceiro.
9º exemplo : CHUDAN TSUKI IRIMI NAGE (entrada directa)
Neste último exemplo, as três fases de construção confundem-se. No posicionamento de Tori, que se caracterisa por uma entrada directa, a mão à altura da cara, provoca a mobilidade (ou o desequilíbrio) do Uke. A execução de uma queda em "folha seca" permite ao Uke esquivar o atémi. Em função das capacidades de queda do parceiro, o Tori irá apoiar mais ou menos o seu atémi de maneira a não o magoar. Para além do atémi, o que é essencial é o posicionamento do Tori, que deve manifestar intenção, determinação e compromisso. Mesmo se na maior parte das vezes no Aikido não batemos, potencialmente o atémi está sempre presente e pode intervir a todo momento. É a partir desta ameaça omnipresente que o Uke vai extrair as informações que lhe permitirão movimentar-se, de se manter ofensivo, de se preservar ou de cair.
Bernard PALMIER (tradução: Rémi Kesteman)
1. O atemi está estreitamente ligado ao princípio irimi que se caracteriza:
- no plano mental, pela intenção e pela determinação;
- no plano técnico, por uma distância real de golpe e um controlo sobre o eixo mediano;
3. O atemi está fundado sobre o princípio de acção/reacção;
4. Faz parte integrante da técnica e contribui para uma das fases da sua construção. Vem em complemento, nunca é uma acção separada da técnica.
As diferentes funções do atémi podem ser identificadas a partir das fases de construção: o posicionamento, o desiquilíbrio e o empenho do corpo. Através de alguns exemplos nós propomo-nos a evidenciar algumas destas funções.
A)- O atémi na fase de posicionamento:
1º exemplo : KATATE DORI (posicionamento interior)
Neste exemplo, o posicionamento apresentado é válido para um conjunto de técnicas. O atémi manifesta o princípio de irimi: determinação e distância de golpe. Esta aplicação do princípio de irimi através do atémi, permite ao Tori de mudar a distância. O Uke reage ao atémi ao afastar-se (princípio da acção/reacção). O atémi tem como função de levar o Uke a uma distância que lhe é mais ou menos favorável e, deste modo, preparar a fase de desequilíbrio. O atémi participa no posicionamento na medida em que permite ao Tori, por um lado, estar centrado e por outro, estar orientado para o parceiro. Estar centrado e direccionado são elementos determinantes na fase do posicionamento.
2º exemplo : YOKOMEN UCHI (entrada directa em gyaku hammi)
Neste exemplo encontramos os princípios de irimi e de acção/reacção evocados anteriormente. A mão que vai à cara tem como função, desta vez, parar o parceiro numa distância que irá permitir, de seguida, encadear a técnica (gokyo, ikkyo ura, shiho nage ura....). O golpe é controlado à sua nascença, o Uke não tem a possibilidade de desenvolver o seu ataque. Como no exemplo anterior, o atémi contribui para unificar o corpo (centro) e a orientar a acção em direcção ao parceiro.
3º exemplo : KATA DORI MEN UCHI ou USHIRO ERI DORI
Nas duas situações o posicionamento é válido para um conjunto de técnicas. No posicionamento, o Tori usa o atémi para obrigar o Uke a tomar um contacto. A partir do contacto o Tori executa a técnica. Aqui novamente os princípios de irimi e de acção/reacção encontram-se perfeitamente ilustrados.
B)- O atémi na fase de desequilíbrio:
4º exemplo : YOKOMEN UCHI (entrada interior)
Em algumas circunstâncias, o atémi é determinante para o posicionamento e para o desequilíbrio simultaneamente, quando estas fases, mais ou menos se sobrepõem. É o caso, por exemplo, sobre katate dori; é ainda mais o caso sobre yokomen uchi (entrada interior). Como nos exemplos anteriores, o atémi participa na base do posicionamento. Pela pressão que exerce sobre o Uke, também se encontra na origem do desequilíbrio que o Tori deverá explorar para executar técnicas diferentes (shiho nage, kote gaeshi, irimi nage...)
5º exemplo : KATATE DORIUCHI KAITEN NAGE, SUMI OTOSHI...
Nestas situações trata-se de "posicionar o parceiro onde não estamos", de desviar a sua atenção para executar a técnica. O atemi permite criar um desequilíbrio para cima, seja para passar sob o braço e realizar técnicas em uchi kaiten, seja para que o corpo se comprometa para baixo, como em sumi otoshi. O equilíbrio entre as duas mãos, uma para baixo (a da prisão) e a outra para cima (a do atémi), mantêm o parceiro em extensão e imobilizam-no.
6º exemplo : KAITEN NAGE
Os exemplos anteriores mostraram que o atemi pode ter funções preparatórias ou de criar um desequilíbrio. No kaiten nage, o atémi à nuca tem como função explorar o desequilíbrio ao fixar o parceiro. Obviamente que o atémi não é levado a cabo, mas pelo seu Shisei, o Tori exerce uma pressão suficientemente forte para que o Uke nao tenha a possibilidade de se levantar.
C)- O atémi na fase final
7º exemplo : SANKYO OMOTE
Na execução de algumas técnicas, a passagem do desequilíbrio à fase final pode oferecer uma possibilidade ao Uke. No exemplo do sankyo omote, o atémi permite ao Tori voltar a passar em frente ao Uke para o levar ao chão, mantendo o controlo e protegendo-se ao mesmo tempo. De um modo geral, o atémi pode permitir a canalização do comportamento do Uke durante a execução de uma técnica.
8º exemplo : SHOMEN UCHI KOKYU NAGE
O atémi pode contribuir à projecção exercida sobre o parceiro (sentido de corte na utilização do corpo). A distância de golpe confere ao Tori um melhor posicionamento para projectar. Sobre esta técnica o Uke não cai unicamente por causa do atémi; o golpe vem completar o desequilíbrio provocado pela extensão exercida a nível do cotovelo do parceiro.
9º exemplo : CHUDAN TSUKI IRIMI NAGE (entrada directa)
Neste último exemplo, as três fases de construção confundem-se. No posicionamento de Tori, que se caracterisa por uma entrada directa, a mão à altura da cara, provoca a mobilidade (ou o desequilíbrio) do Uke. A execução de uma queda em "folha seca" permite ao Uke esquivar o atémi. Em função das capacidades de queda do parceiro, o Tori irá apoiar mais ou menos o seu atémi de maneira a não o magoar. Para além do atémi, o que é essencial é o posicionamento do Tori, que deve manifestar intenção, determinação e compromisso. Mesmo se na maior parte das vezes no Aikido não batemos, potencialmente o atémi está sempre presente e pode intervir a todo momento. É a partir desta ameaça omnipresente que o Uke vai extrair as informações que lhe permitirão movimentar-se, de se manter ofensivo, de se preservar ou de cair.
Bernard PALMIER (tradução: Rémi Kesteman)